29.12.06






Segue o teu destino

Segue o teu destino
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis







Os grandes momentos da vida vêm por si mesmo. Não tem sentido esperá-los.


23.12.06

Concedei-nos Senhor, serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguirmos umas das outras.


A MADAME E O PRINCIPE – O que é que a Policia Federal está esperando para prender o casal Garotinho? A revelação de que contraventores pagavam propina de R$ 300 mil a uma autoridade do governo identificada como Madame, e outra, de valor semelhante, a uma pessoa denominada de Príncipe, não deixa dúvida. Madame só pode ser Rosinha Garotinho. E Príncipe só pode ser o palerma do marido dela. Que canalhas. Que filhos da puta. Esse casal merecia ser fuzilado. Como pode uma coisa dessas. A própria Governadora envolvida com uma quadrilha, recebendo dinheiro para deixar criminosos agirem à vontade no estado em que ela foi eleita para governar. Cadela imoral.

O pior de tudo é que eu não acredito que essa situação vá melhorar. Não confio nada nesse Sérgio Cabral, que vai ser o novo Governador do estado. Acho que ele deve ser tão pilantra e safado como o casal Garotinho. O sujeito tem uma tremenda fama de ladrão e corrupto. Muitos dos seus secretários respondem a processos por atividades nebulosas. Parece que, em vez de armar um secretariado, ele armou uma quadrilha. Júlio Lopes? Eduardo Paes? Benedita da Silva? Puta que pariu! Com relação ao governo do Rio eu tenho a nítida sensação de que está saindo uma quadrilha e entrando outra. Que Deus nos proteja.






TREMENDO VACILÃO – Ezequiel Neves me liga e deixa um recado na secretária eletrônica: Waldir preciso falar com você. E o Alvinho Lins, hein? Que vexame. O fato é que as bichas estão desoladas com o noticiário sobre o Álvaro Lins. Estão se sentindo traídas. Jorginho, um simpático cabeleireiro que vai à praia na Cristaleira, colecionava fotos do ex-chefe da Policia Civil, mas rasgou todas depois que soube do envolvimento do seu ídolo com o crime organizado. Não dá mesmo para confiar em bofe. Com relação ao Álvaro Lins eu estou me sentindo a própria Suzana Vieira, dizia, afetado.

No Posto Nove onde, na juventude, Álvaro reinou absoluto como atleta da praia, ele ganhou até um tema musical. A música Tremendo Vacilão, hit do momento nos bailes funk, agora é conhecida como A melô do Álvaro Lins. Tremendo Vacilão é uma música suingada, dessas que animam a pista de dança. É sucesso na voz da MC Perlla, com dois eles, uma jovem de voz charmosa e rosto de gatinha do subúrbio. A música tem tudo para ser o hino deste verão. É assim:


Tremendo Vacilão

Na madrugada
Abandonada
e não atende o celular
Tirando onda
cheio de marra
achando que eu vou perdoar
pra mim já chega
eu tô bolada
agora quem não quer sou eu
Não te dou bola
senta e chora
porque você já me perdeu

Deu mole pra caramba
é um tremendo vacilão
tá todo arrependido
vai comer na minha mão,
Pensou que era o cara
mas não é bem assim,
Agora baba bobo
vai correr atrás de mim.

Tira tchuru
tira tchuru
ou ah, ou ah
Tira tchuru
tira tchuru
ou ah



19.12.06




Os defeitos dos outros não devem nos incomodar e sim nos ensinar.

VERÃO VERMELHO – É chocante a revelação da Polícia Federal de que o ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins era, na verdade, o chefe de uma quadrilha que comandava o crime organizado no Rio de Janeiro. Esse foi o assunto mais discutido nas areias de Ipanema no último domingo de sol escaldante. As manchetes dos jornais não deixavam dúvidas sobre um dos mais votados deputados estaduais da última eleição. As evidências são muito claras. Agora a população entende porque, durante os seis anos da gestão de Álvaro Lins, o crime parecia tão organizado. Pois é. Era organizado pela própria polícia.


Se o Cazuza tivesse vivo estaria muito decepcionado com Álvaro Lins, que ele certa vez apelidou de Alvinho. Na época em que Cazuza ia à praia no Posto Nove com Ezequiel Neves, Bineco, Iara Neiva e sua turma de boêmios delirantes, o Álvaro Lins era apenas um atleta de praia que jogava vôlei nas areias de Ipanema. Com vinte e poucos anos, corpo de atleta e cara de bofe, ele chamava atenção das mulheres e dos gays que eram loucos por ele. O célebre fotógrafo carioca Alair Gomes costumava fotografá-lo jogando vôlei, sem que o atleta percebesse. Quando Álvaro parava de jogar e ia se refrescar na água do mar todos paravam para olhá-lo. E ele ficava olhando de cara feia para os malucos que fumavam seus baseados na praia. Foi nessa época que Cazuza o apelidou de Alvinho. Pois é. O pilantra do Álvaro Lins antes de se tornar o chefão da polícia, ou melhor, o chefão do crime organizado no Rio, foi muso inspirador de dois importantes artistas brasileiros: Cazuza e Alair Gomes. Ainda bem que eles não estão mais vivos para verem o monstro que estava por trás daquele bofe irresistível.










MY NAME IS BOND - A cena mais incrível do filme Cassino Royale é quando o vilão tortura James Bond. 007 está nu, sentado numa cadeira sem fundo, com as mãos amarradas para trás. Le Chiffre, o vilão que chora lágrimas de sangue, olha-o sem roupa e comenta algo como "você soube cuidar do seu corpo, não é 007"? Depois começa a torturá-lo com uma corda dando golpes no saco do agente de sua majestade. Ai que dor! É a cena mais erótica dos 21 filmes da série. O homoerotismo pulsa entre o torturador e o torturado. Daniel Craig além de bom ator tem um corpo incrível e uma cara de bofe-encrenca que cai muito bem no personagem. E o filme não se acanha ao mostrar aquele seu peitoral sexy e malhado. A cena em que ele sai do mar vestido apenas de sungão é comparável a famosa cena de Ursula Andress surgindo na praia em O Satânico Dr. No, o primeiro filme da série. Em tempo: a tradicional abertura do filme é belíssima.

Para quem gostou do filme vale a pena ler o romance de Ian Fleming que a editora Record lançou junto com o filme. Publicado pela primeira vez em 1953, o livro Cassino Royale mostra um James Bond ainda na ressaca da Segunda Guerra. É interessante observar como os roteiristas do filme adaptaram o romance para os dias atuais sem perder o charme da história original. O livro Cassino Royale é gostoso de ler e tem uma narrativa envolvente. Em 1953 não havia toda essa tecnologia que dá charme ao James Bond moderno, mas a trama intricada e o clima de suspense pareciam maior diante da escassez de tecnologia. O que não mudou entre o lançamento do livro em 1953 e a estréia do filme em 2007 foi o charme e o fascínio dos cassinos. Nesse cenário o filme reproduz exatamente o clima do livro.

Ian Fleming nasceu em 1908, filho de uma abastada família inglesa. Estudou em Eton, onde se destacou apenas em atividades esportivas, sendo obrigado a deixar a instituição após um escândalo envolvendo uma aluna. Entrou para a academia militar, que também deixou antes de concluir o curso. Foi viver e estudar na Áustria, mas não se decidia por profissão alguma. Tentou seguir carreira diplomática, mas não foi aprovado nos exames. Foi, então, contratado como jornalista pela agência Reuters. Na época, a fortuna da família havia se dissipado. E Ian percebeu que os ganhos de um repórter não eram suficientes para manter seu padrão de vida. Decidiu tentar carreira em um banco londrino. Começou a freqüentar a melhor sociedade local quando estourou a Segunda Guerra Mundial.

Em maio de 1939, Ian Fleming foi trabalhar na inteligência britânica, onde se destacou profissionalmente. No último ano do conflito fez uma viagem à Jamaica e apaixonou-se pelo Caribe. Decidiu mudar-se para lá após a guerra, mas ficou apenas dois meses. Voltou à Inglaterra, mas todos os anos passava o inverno na ilha caribenha. Aos 44 anos, Fleming casa-se com sua amante de muitos anos. Em 1952, prestes a ser pai, publicou seu primeiro livro, Cassino Royale, romance de espionagem protagonizado por um agente inglês chamado James Bond. O sucesso foi enorme e ele escreveu outros 13 livros do agente 007 até a sua morte, em 1964, de ataque cardíaco.


Abaixo, trecho do livro Cassino Royale, de Ian Fleming.


Le Chiffre fitou Bond com uma expressão desprovida de curiosidade, os brancos que contornavam as íris emprestando aos seus olhos a impassibilidade de um boneco. Devagar, removeu da mesa a mão direita e a introduziu no bolso do paletó branco. A mão saiu segurando um pequeno cilindro metálico com uma tampa que Le Chiffre desenroscou. Com uma convicção obscena, inseriu o bocal do cilindro duas vezes em cada narina, inalando com prazer o vapor da benzedrina. Sem a menor pressa, guardou o inalador no bolso, e então sua mão voltou para acima do nível da mesa e desferiu uma rápida e violenta batida no sabot. Durante essa pantomima ofensiva, Bond manteve-se olhando fixamente para o banqueiro, analisando a extensão larga do rosto branco, coroado por um tufo de cabelos ruivo-acastanhados, a boca vermelha e séria e a largura impressionante dos ombros, cobertos por um paletó branco muito folgado. Não fosse pelo brilho do cetim nas lapelas cortadas em forma de xale, Bond poderia imaginar-se de frente para o busto de um minotauro elevando-se de um campo verdejante. Pousou o maço de notas na mesa sem contá-las; se perdesse, o crupiê retiraria o necessário para cobrir a aposta. Mas, com esse gesto displicente, Bond estava indicando que não esperava perder e que essa era apenas uma demonstração simbólica dos fundos à sua disposição.






JE T´AIME MOI NON PLUS - Jean Michel Couve, o prefeito de Saint-Tropez passou uma semana no Rio, em função do tratado de amizade firmado com Búzios. A partir de 2007, a cada ano, haverá a Semana Saint-Tropez-Búzios com festejos nas duas cidades. O mito Brigitte Bardot é a fonte de inspiração desse convênio, já que foi a célebre atriz francesa quem tornou famosas as duas cidades. Uma regata entre Saint-Tropez e Búzios vai ser o principal evento. Num almoço no Hotel Plaza Ipanema Monsieur Couve contou que um importante fabricante de material esportivo da França, já firmou contrato para patrocinar a regata. Haverá também raves, festival gastronômico e uma mostra de filmes de Brigitte Bardot. A Semana Saint-Tropez-Búzios também terá como finalidade dar continuidade aos eventos relativos ao Ano do Brasil, que rolou o ano passado na França, e preparar terreno para os festejos do Ano da França no Brasil, que será em 2008.

Jean Michel Couve é um senhor muito simpático. Quando perguntei se ele costumava encontrar com Brigitte, ele disse que a estrelinha francesa hoje é uma senhora muito reclusa e raramente aparece em público, mas que eventualmente a encontra, pois são amigos. Couve contou que é cardiologista e que, no passado, antes de entrar para a política, foi médico da Brigitte Bardot.

O prefeito disse que até pouco tempo Brigitte não sabia dessa história de Búzios. BB não sabia que até hoje é celebrada na cidade e que tem uma estátua em sua homenagem na via batizada de Orla Bardot. Foi no ano passado, quando ficou acertada a parceria Búzios-Saint Tropez que Monsieur Couve contou a Brigitte que ela é um símbolo daquela longínqua praia do Rio. Segundo o prefeito ela ficou encantada e riu muito da estátua. Ela foi convidada a vir na comitiva, mas recusou. BB não gosta mais de viajar, andar de avião, aeroporto. BB prefere ficar sossegada em sua casa em Saint-Tropez cuidando dos seus gatos e cachorros.

O almoço do Plaza Ipanema reuniu a comunidade francesa, jornalistas e personalidades da vida brasileira. Na ocasião o prefeito Couve entregou a jornalista Gloria Maria o título de cidadã de Saint Tropez. Glória é figura conhecida no pedaço, já que, sempre que pode, costuma passar férias no balneário francês. O Secretário de turismo de Búzios Armando Ehrenfreund aproveitou o evento para entregar o titulo de cidadã de Búzios, o que deixou a homenageada deveras emocionada. Sendo assim Glória Maria é a musa da semana Saint-Tropez-Búzios. Quando Couve disse que ia encontrar César Maia eu pedi ao francês para dar uns conselhos ao nosso prefeito. Ele não é um bom prefeito?, perguntou Couve. É péssimo, o pior que já tivemos, respondi.


11.12.06




Amor não se conjuga no passado, ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente.





BRIGITTE BARDOT A MAIOR MUSA DA MPB - Pouca gente já parou para pensar nisso, mas Brigitte Bardot é a maior musa da música popular brasileira. Segundo o pesquisador Renato Vivacqua, especializado em MPB, nenhuma outra personalidade feminina foi tão louvada no nosso cancioneiro popular como a bela Brigitte. Desde que estourou no cinema em 1956, com o filme E Deus Criou a Mulher que a estrelinha francesa é citada em grandes sucessos da nossa música. Ela foi musa de Caetano Veloso, Cazuza, Zeca Baleiro, Juca Chaves, RPM, Maysa, Miguel Gustavo, Tomzé e até do sambista Dicró. Brigitte chegou a gravar um disco cantando em português, com um sotaque saboroso, a música Maria Ninguém, de Carlinhos Lira. Foi no carnaval de 1959 que ela estreou na MPB com uma marchinha composta pela dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira:

Que bom que eu vou ser pai
E o papai vai ser vovô
Se for homem vou botar meu nome
Se for mulher é Bigitte Bardot

No carnaval de 1960 foi homenageada por Miguel Gustavo numa música que a Prefeitura de Búzios quer transformar em hino oficial da cidade:

Brigitte Bardot, Bardot
Brigitte beijou, beijou
Lá dentro do cinema todo mundo se afobou
BB BB BB, porque é que todo mundo olha tanto para você
Será pelo cotovelo? não é
Será pelo cabelo? não é
Será pelo joelho? não é
Você que é boa e que é mulher
me diga então porque é que é

Sua presença no imaginário popular da época era tão forte que no ano seguinte o mesmo Miguel Gustavo a homenageou numa outra canção:

Onde Brigitte estiver eu vou
Se Brigitte estiver em Roma, em Paris, Miami, Honolulu
Quero Brigitte em Copacabana
De biquini, boa pra chuchu

Os compositores Jota Júnior e Oldemar Magalhães citam Brigitte Bardot quando tentam descrever a mulher ideal:

De frente a cara da Lolô
De costas o jeito de Bardot
Faz da rua passarela
Que pena não ser o dono dela

A badalação em torno da Brigitte na MPB era tanta que a dupla Vicente Longo e Waldemar Camargo resoveram ser do contra e valorizar o produto nacional:

Receita para bom Carnaval
É a morena, produto nacional
Não é a Lolô nem a Bardot de Paris
É você morena, que faz meu Carnaval feliz

Vale lembrar que Lolô é a italiana Gina Lolobrígida que também andou incendiando corações nos longínquos anos 60. Juca Chaves também teve Brigitte como musa em uma de suas canções:

Adeus País Tropical
Adeus Brigitte Bardot
Caviar já me enjoou
Vou viver no Piauí

Ainda embalados pela impressionante cena do strip-tease em E Deus Criou a Mulher a dupla Amado Regis e Rangel Silva também souberam homenagear o maior simbolo sexual de sua época:

Você foi a mais graciosa
Do strip-tease mundial
Vem brincar comigo
Brigitte, o nosso carnaval

Em 1968 é citada na música Casamento do Roberto, um ie-ie-ie composto por Maysa, Elzo Augusto e Ana Lídia:

Roberto Carlos vai casar
A Candinha me falou
que o padrinho vai ser o Chacrinha
E a madrinha Brigitte Bardot

No mesmo ano os roqueiros Luiz Wanderley e José Batista lançaram o Rock da Brigitte:

Eu só gosto da Brigitte
Eu só gosto da Brigitte Bardot
Só vou ao cinema se a fita é francesa
E a estrela é a Brigitte Bardot

O sambista Dicró também teve a oportunidade de mostrar sua paixão pela estrelinha francesa:

E muita gente famosa
Visitou meu barracão
Meu compadre Frank Sinatra
Brigitte Bardot
E um tal de James Brown

Caetano Veloso a citou em duas canções. Numa música que compôs para um disco do Asdrúbal Touxe o Trombone, que foi gravada por Regina Casé, e no seu clássico Alegria Alegria:

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot

A vida de Brigitte não foi só de sucessos. Houve crises, depressões e sofrimento. Lembrando o lado sombrio da fama o compositor Tomzé soube ser cruel com a diva do cinema francês:

A Brigitte Bardot está ficando velha
Envelheceu antes de meus sonhos
E a Brigitte Bardot agora está ficando triste
E sozinha
Será que algum rapaz de vinte anos vai telefonar
Na hora exata em que ela estiver
Com vontade de se suicidar?

Cazuza compôs uma canção chamada Brigitte Bardot cuja letra não cita o nome da artista, mas fala do seu amor pelos animais:

Morro de medo dos teus olhos sem palavras
Bigorrilhos, duques e xerifes
Porque me viciei em sons codificados
Porque eu sei que amar é abanar o rabo
Lamber, latir e dar a pata.

O maranhense Zeca Baleiro também compôs uma canção chamada Brigitte Bardot cujos versos falam da nostalgia de um amor que se perdeu no tempo:

A saudade é uma colcha velha
Que cobriu um dia
Numa noite fria
Nosso amor em brasa
A saudade é Brigitte Bardot
Acenando com a mão
Num filme muito antigo

Paulo Ricardo e Luiz Schiavon foram líricos na letra da canção Olhar 43, sucesso da fase áurea do grupo RPM:

Não sei se é caça ou caçadora
Se é Diana ou Afrodite
Ou se é Brigitte
Stephanie de Mônaco
Aqui estou
Inteiro a seu dispor
Princesa...

Escute aqui a música que a Prefeitura de Búzios quer transformar em hino oficial da cidade:







BRIGITTE BARDOT NÃO MORA MAIS AQUI - Um prato batizado de Veau Brésil-Suisse foi a comida que achei mais gostosa no Me Gusta Búzios, o festival gastronômico promovido por Gil Castelo Branco junto com a prefeitura de Búzios. O Veau Brésil-Suisse é uma vitela com molho de especiarias suíças, acompanhada de cará gratinado e sorvete de raiz forte. Nunca tinha comido carne com sorvete, mas adorei a mistura. O bom do festival gastronômico foi a possibilidade de experimentar a culinária exótica de outros países. Havia desde o Goi Cuôn, do Vietnam, que são rolinhos de carne, aromatizados com especiarias em papel de arroz, até o Chrusciki, da Polônia, uma finíssima massa de trigo ao conhaque, polvilhada com açúcar de confeito. Do Uruguai foi servido Matambre Relleno, carne recheada com acelga, ovos, cenoura, pimentão e bacon; Da Tunísia foi servido o La Kemia, um bolinho de carne com erva doce, favas ao cominho, tomate, pimentão e batata; Da Grécia houve o Souvlakia Thalassinna Me Tzatziki, um churrasquinho de frutos do mar com molho típico; Da Síria tinha o Xisbarak, um ravióli feito com iogurte; Da Holanda o Sauce Holandaife, filé de peixe com molho holandês; Do Japão o Capitão Osaka, um salmão crocante ao teriake.

A Argentina foi representada pelo Locro, uma mistura cremosa de grãos de milho com carne bovina, suína, lingüiça, bacon, abóbora, cenoura e batata. Tudo isso servido dentro de um pão do campo que parece uma abóbora. Incrível essa iguaria da Argentina. A Bolívia serviu Lula ao vinho. Já o Peru ofereceu ao público um Ceviche que foi preparado pelo próprio Cônsul do país. Ceviche é um peixe marinado num ácido e aromatizado com ají. A Suécia ofereceu Gravad Lax, salmão curado servido em fatias finas com uma mostarda condimentada, salada de batatas novas e torradinhas ao alho. Teve também os tradicionais Smorrebrod da Dinamarca, Tortillas da Espanha, Cuscuz do Marrocos, Harumaku da China, Beignet de Bananne do Taiti, Cofta do Egito, Malandrinho de Bacalhau de Portugal, Matambre Relleno do Uruguai, Mohan Thal da Índia, Varenike de Israel, Quibe de forno com salada fatouche do Líbano, Dalmatinske Musule da Croácia e muitos outros. Vale destacar o Cassoulet de Frutos do Mar, tradicional prato da culinária francesa e o fantástico Gulash Späetzle, prato típico da Tchecoslováquia, preparado com carne bovina cortada em cubos, cozida com a mesma quantidade de cebola e cenoura, temperada com páprica doce e picante, louro e outras especiarias, servido com massa cozida em gotas. Só de pensar fico de água na boca.

Na sexta e no sábado o centro de Búzios ficou cheio de barraquinhas onde foram servidas as iguarias preparadas pelos principais restaurantes da cidade. Ficou parecendo uma quermesse de cidadezinha do interior. Tudo muito organizado e civilizado, como costumam ser os eventos em Búzios. A cidade cheia de turistas, já que havia um enorme transatlântico ancorado na baía. Gente bonita, elegante, bem vestida. Nada de farofeiros ou moradores de rua pedindo latinhas de cerveja. Os ricos e milionários circulando a vontade com suas carteiras recheadas de moedas fortes sem a paranóia de assaltos ou tiroteios. A cidade limpa, arrumada. As lojas abertas até tarde da noite. Diversos tipos de música ecoando pelas ruas. Um outro mundo.

Uma curiosidade: no meio desse mundo civilizado as igrejas evangélicas bombando com seus rituais religiosos de cunho primitivos e teatrais. Muita gente parava na porta das igrejas para olhar, boquiabertas, as manifestações tribais. Pessoas ajoelhadas gritando o nome de Jesus. Alguns se atiravam no chão e se sacudiam como se possuídos por algum espírito maligno enquanto o pastor, aos berros, gritava fora satanás. Havia algo de muito doente naquele processo de catarse coletiva. Parecia um espetáculo de terror dirigido por Zé Celso Martinez Correia. Por outro lado, quando acabava o culto, as pessoas iam para as ruas e se comportavam normalmente, como se nada tivesse acontecido. Impressionante!

Não satisfeitos de promoverem a comilança noturna, os organizadores do Me Gusta Búzios, organizaram um almoço de confraternização para os convidados do evento. Para isso fecharam o restaurante Cigalon, na rua das Pedras. O Cigalon fica numa antiga casa de pescadores onde, em 1964, Brigitte Bardot ficou hospedada quando esteve em Búzios. As paredes do restaurante estão cobertas de fotos da estrela quando de sua visita ao balneário. Jovem, linda, no auge da fama e do sucesso, as fotos mostram BB na praia, conversando com os nativos ou brincando com as crianças numa época em que o lugar era apenas uma aldeia de pescadores. O quarto onde ela ficou hospedada tem o seu nome escrito na porta. É claro que Brigitte Bardot foi o assunto principal do requintado almoço da culinária francesa servido no Cigalon. Cada um dos convidados tinha uma história ou uma lenda sobre BB. As pessoas falavam de seus filmes e seus amores com encanto e nostalgia. Brigitte foi a Madonna dos anos 60, disse alguém, o que foi imediatamente contestado por um outro conviva. Brigitte foi muito mais que Madonna. Tudo em Madonna é fabricado. Brigitte era uma estrela autêntica.

É incrível como o mito Brigitte Bardot persiste de maneira muito forte na vida de Búzios. Isso aqui parece a Riviera Francesa, disse um senhor italiano que adora o Brasil e contou que BB havia namorado um de seus amigos na adolescência. Gil Castelo Branco revelou que a prefeitura de Búzios já convidou Brigitte diversas vezes para voltar à cidade, mas ela nem responde aos convites. A diva do cinema francês não quer saber de badalações, nem de homenagens, nem de lembranças do passado. Isso não impede que o carisma de seu mito esteja presente em todos lugares de uma das cidades mais bonitas do estado do Rio. Sua estátua, que a mostra jovem, sentada sobre uma mala de viagem, está localizada na avenida que margeia a praia e foi batizada de Orla Bardot. Ali, turistas de todos os lugares não se cansam de fotografá-la para guardar uma lembrança daquela que sempre será um dos maiores mitos do cinema.


7.12.06




Não queira ser bravo quando basta ser inteligente.

TURISTAS – Aqui no Rio sempre que saio à rua vejo um turista sendo assaltado. Na praia, então, é um absurdo o que fazem com os turistas. Existe um trio de ladrões que atua na praia de Ipanema que são terríveis. Eles encaram o ato de roubar turistas como um trabalho. Diariamente estão na praia de olho nos gringos. É bizarro. O pior de tudo é que os bandidos querem obrigar as famílias da zona sul a aceitar e conviver com o estilo de vida deles. Os pilantras roubam os turistas na cara de pau, na frente dos moradores e ameaçam quem reclama ou avisa os estrangeiros. Todo mundo sabe quem são os bandidos. As famílias, os salva-vidas, a garotada da praia. Só quem não sabe é a polícia, pois eles exercem seu ofício livremente, como se tivessem esse direito.


Leio na Internet que a Embratur, Empresa Brasileira de Turismo, mandou carta de parabéns aos críticos de cinema dos EUA por eles terem arrasado com o filme Turistas, uma produção americana em que um grupo de turistas é sacaneado de todas as formas durante uma temporada ao Brasil. Eu não vi o filme, por isso nem posso comentá-lo. Mas a realidade dos turistas no Rio de Janeiro dos dias de hoje não deve ser muito diferente daquela que o filme mostra. A Zona Sul da cidade é uma área de risco para turistas. Quem circula pelas ruas pode perceber, de uma forma bem clara, que existe toda uma infra-estrutura montada com o único objetivo de surrupiar dinheiro dos gringos de forma desonesta.

O Rio de Janeiro é o cartão postal do Brasil no exterior. A Embratur, em vez de mandar cartas dando parabéns aos críticos americanos, deveria pedir intervenção federal na cidade. A situação já é de salve-se quem puder para os locais. Para os turistas, então, o salve-se quem puder chega ao limite do intolerável. Os locais ainda conseguem se defender por conhecerem a língua, a cidade, as pessoas. Mas os estrangeiros estão fodidos. A Rio está ao Deus dará.


Sempre que posso ajudo turistas às voltas com problemas. Mas nem sempre é possível ajudar. No verão passado eu estava na praia num final da tarde e vi dois sujeitos sinistros se aproximarem de um grupo de estrangeiros. Era um casal e duas crianças. Eles pareciam super felizes de estarem ali, no calor gostoso, se divertindo na praia, esperando o sol se pôr. Sobre as toalhas na areia haviam mochilas, câmeras e outras coisas. Os ladrões foram se aproximando dos turistas sorrateiros e prontos para dar o bote. Quando notei o movimento deles cheguei mais perto do grupo e comecei a encará-los dando a entender que eu tinha sacado que eles eram ladrões. Os sujeitos então ficaram me encarando, com um olhar ameaçador. Tentando me intimidar. Eu encarei firme durante uns dez ou quinze minutos. Então um deles veio em minha direção. Acho que ele pensou que eu ia me afastar, mas eu continuei encarando-o firme, pronto pra sair na porrada. Então o pilantra passou reto por mim e foi embora, certo que ali não ia arrumar nada. A família de turistas estava tão distraída com a beleza da tarde que nem notou os momentos de tensão que ocorreram ao lado deles.


Semanas atrás um trio de ladrões que atua em Ipanema, no trecho entre o Arpoador e o Posto Nove, estava se preparando para dar um bote num sueco que estava na praia em frente ao hotel Arpoador INN. O turista estava deitado na praia, sobre uma toalha, se bronzeando voltado para o sol inclemente. Ao seu lado estava uma mochila, que era objeto de desejo dos pilantras, que estavam sentados perto da possível vítima, fingindo que se bronzeavam. Mas aos poucos eles se aproximavam para poder pegar a mochila do cara e saírem de fininho sem que a vítima percebesse. Quando notei o movimento dos ladrões me aproximei do gringo e falei para ele cuidar de sua bolsa. Os bandidos ficaram putos e começaram a me xingar.


O turista ficou assustado e eu expliquei o que estava acontecendo e disse para ele ficar tranqüilo que estava tudo bem. Era um rapaz jovem. Não devia ter mais de vinte anos. O sueco era lindo, educado, charmoso. Eu jamais permitiria que qualquer bandido assaltasse um bofe daqueles na minha frente. De forma alguma. Ficamos conversando um bom tempo na praia. Ele me disse que seu companheiro de viagem já tinha sido assaltado no dia anterior e me agradeceu por tê-lo avisado dos ladrões. Contou que outros turistas do hotel onde estava hospedado também já haviam sido assaltados. Ele me perguntou porque isso acontecia num lugar tão bonito como o Rio. Eu contei a verdade. Disse que a cidade tinha se transformado numa armadilha para turistas. Que o Rio era um lugar muito perigoso tanto para os moradores como para os estrangeiros. E disse para ele tomar muito cuidado com suas coisas e não andar com nada de valor.

Quando perguntei o que ele tinha vindo fazer no Rio o bonitão me contou que tinha vindo treinar jiu-jitsu. Disse que tinha aprendido jiu-jitsu na Suécia, mas que tinha vindo praticar aqui no Brasil porque os brasileiros eram os melhores do mundo no esporte. Estava treinando na academia do professor Ricardo Viera no Posto Seis. Dias depois eu voltei a encontrar esse rapaz. Dessa vez ele estava com o amigo que tinha sido assaltado. Ele me apresentou ao sujeito e me elogiou para o companheiro. Ficamos conversando um tempo e, durante o papo, eu pedi desculpas pelo que tinha acontecido. O sueco bonitão deu um sorriso que eu nunca vou esquecer e disse que não tinha nada o que desculpar. Eu não me importo com ladrões, disse ele. Para mim o bom do Rio é poder mergulhar nessas praias bonitas e conhecer pessoas como você. Um fofo, fofo e fofo!






UM DOMINGO PERFEITO – O último domingo foi um dia perfeito. O sol, a praia, o clima, a brisa do mar, o astral, as pessoas. Havia algo de perfeito e harmônico naquele dia. Algo difícil de explicar. Quando cheguei na praia, pouco depois do meio dia, encontrei Paulo, um bom amigo, que foi logo comentando como o dia estava lindo. Ele estava vindo do Leblon, caminhando pela praia e comentou como tinha gente bonita na praia, como os homens do Rio eram bonitos, como a praia estava deliciosa. Quem mora em Ipanema como nós vive entre o céu e o inferno, disse ele, se referindo aos tiroteios que ocorreram no bairro dias antes. Paulo mora num apartamento chiquérrimo, muito bem decorado, com uma linda vista da praia, mas fica perto da favela. Então, quando rolam os tiroteios, ele sofre muito porque assiste a tudo de camarote. Mas, nesse domingo ele estava exultante. E o entusiasmo dele tinha fundamento. A praia estava mesmo uma loucura.


Quando passei em frente à praia gay, na Farme de Amoedo, um sujeito bonitão, másculo, tatuado e usando brinco e cavanhaque atravessou a areia em direção ao mar. Ao cruzar por mim ele me olhou de cima abaixo, fez uma cara bem safada e, com uma voz bem sacana, me chamou de “cachorra”. Fiquei tão feliz que tive vontade de sair latindo pelo litoral.






TURISTAS – Na última vez que fui ao Posto Nove encontrei o Cláudio, um velho amigo, e ficamos conversando. Ele estava com a namorada, Graziela, uma garota linda e descolada, e três garotos, que eram amigos da namorada dele. Eu comecei a conversar com o Cláudio e depois fiquei de bate-papo com os garotos, que eram bem jovens, deviam ter entre 17 e 19 anos. Fiquei impressionado como eles eram bem informados. Os meninos sabiam de tudo, principalmente o mais bonito deles, chamado Rodrigo.

O ponto de partida do bate-papo foi a expectativa do show do Black Eyed Peas em Ipanema. Cláudio falou que o show ia causar mais tumulto que os Rolling Stones em Copa. Ao ouvir a menção dos Stones Rodrigo comentou que no dia anterior tinha assistido no canal Telecine Cult a Simpathy for the devil, um filme com os Rolling Stones que foi dirigido por Jean Luc Godard. O garoto disse que o filme era o máximo e que o melhor do filme era a direção do Godard. E que Godard era um dos seus diretores favoritos. E foi essa última frase que me fez prestar atenção em Rodrigo. Como não se impressionar com alguém tão jovem e belo e que é fã de Godard?


Comecei a puxar assunto com o rapaz e ele não parava de falar. Mostrou o som do Led Zeppelin que ouvia no I-Pod, disse que adora a música Achiles Last Land, comentou o disco do Wallflowers em que eles cantam uma música do Bee Gees. Então começou a falar do Bee Gees e a importância deles para a música, para a indústria do disco e para o vídeo clipe. Disse que seu pai tinha muitos discos de vinil em casa, mas que eles não ouviam porque não tinham o toca-discos. Eu sugeri a ele comprar um toca-discos para ouvir os discos de vinil. Então ele pensou alguns segundos e disse que tivera uma idéia. Vai dar um toca-discos de presente de natal para o pai assim eles poderão ouvir juntos os velhos discos de vinil.


Quando ele foi dar um mergulho, já que o sol estava inclemente, eu comentei com a Graziela que o Rodrigo era muito bem informado para a idade dele. Ela me respondeu: O Rodrigo é uma verdadeira Internet. Ele sabe tudo. Qualquer coisa que você falar ele vai saber responder. Ele parece o Google. Depois ela me passou o fone do seu I-Pod e estava tocando Beatles. Eu escuto Beatles o tempo todo. Adoro eles, disse Graziela, coquete. Eu estava curtindo muito conversar com aquelas pessoas pois eles eram gente educada, fina, culta e de bom gosto. Foi então que o Cláudio comentou que tinha acontecido alguma coisa com uma moça que estava à nossa frente. Eu estava de costas e não tinha visto. Uma moça loura desesperada, com a mão na cabeça, andando de um lado para o outro na areia da praia. Logo percebemos que era turista. Rodrigo, imediatamente, se levantou e foi perguntar o que tinha acontecido: tinham roubado a mochila dela.

A mulher estava bem à nossa frente. E nós estávamos tão distraídos conversando que não percebemos o roubo. Alguém passou e carregou a mochila dela. A coitada estava desesperada. Ela havia chegado àquele dia dos Estados Unidos. A companhia aérea tinha extraviado a bagagem da coitada e, as únicas coisas que ela tinha estavam na mochila. Foi horrível. De repente a turista estava numa cidade desconhecida em que tinha acabado de chegar e a única coisa que tinha era o biquíni que usava. Esse não é um excelente plot para um filme na linha do Turistas? Tentamos ajudá-la no que foi possível, mas aquele episódio estragou o nosso dia. O Rodrigo ficou desolado. Angustiado, pedia desculpas a mulher, tentando amenizar o prejuízo moral que aquilo nos tinha dado.

É triste a vida do turista no Rio de Janeiro.


2.12.06




Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira.

NEGRO AMOR – Já está nas lojas o CD Negro Amor, de Toni Platão. Uma excelente opção para presente de natal. A bonita capa tem design de Luiz Stein e fotos de Milton Montenegro realizadas no Hotel Ouro Verde, em Copacabana. O CD foi produzido por Sergio Diab guitarrista da maravilhosa banda que acompanha o artista nos shows. O disco está lindo. Bem produzido. Ótimos arranjos. E Toni está em grande forma como cantor.

No show de lançamento do disco, dia 1 de dezembro no Mistura Fina, Toni Platão fez o de sempre: encantou a platéia que, agradecida, aplaudiu de pé o seu incrível vozeirão. Foi o mesmo show que Toni apresentou em abril e maio na livraria Letras & Expressões. No palco ele recria grandes sucessos da MPB cantando as músicas como se elas tivessem sido originalmente gravadas por ele. Começa com Mares da Espanha, de Ângela Ro Ro e segue com Movimento dos Barcos, de Capinam e Macalé, Negro Amor, de Caetano Veloso, Louras Geladas, de Paulo Ricardo, Impossível acreditar que perdi você, de Marcio Greyck e muitas outras. Além das canções do CD Toni arrasa cantando Vênus, antigo sucesso do grupo Shocking Blues e The man who sold the world, de David Bowie.

A banda é uma atração à parte. O produtor e arranjador Sergio Diab dá um show na guitarra e no violão. Wlad arrebenta no baixo. Bruno Wanderley toca a bateria mais sutil já vista nos palcos brasileiros. E o jovem Rodrigo Ramalho acaricia os ouvidos do público com os magníficos acordes do seu acordeom. Eu adorei sua sanfona, disse Arlete Salles para o bonitão sem saber que ele detesta que chamem o seu acordeom de sanfona.

Na platéia um animado Miguel Falabella, aplaudia o show com entusiasmo. Junto com ele Stella Miranda, atriz que interpreta Carlota Joaquina no musical Império. Os dois tinham vindo do teatro e estavam contentes com o sucesso do seu espetáculo, em cartaz no teatro Carlos Gomes. Como sempre Miguel foi muito simpático comigo, me deu um beijo e disse que morre de saudades dos contos que eu escrevia para a revista Homens. Eu adorava aqueles contos. Você precisa voltar a escrevê-los.

Arlete Salles assistiu ao show numa outra mesa, ao lado do namorado, um rapaz negro belíssimo. Desde a época de Toni Tornado que Arlete gosta de ver a coisa preta. Os pombinhos passaram todo o show trocando carícias e beijinhos, principalmente nas músicas mais românticas. A atriz de Pé na Jaca aplaudia com entusiasmo ao final de cada canção.

Gringo Cardia está cada vez mais parecido com o diretor de teatro Gilberto Grawonski. Gilberto contou aos amigos que até a mãe do Gringo já o confundiu com ele. Lui Mendes também vibrou com o show, mas saiu apressado no final, depois de ter recebido um telefonema do André Gonçalves. Os dois não se largam. Já Débora Colker foi ao show acompanhada do charmoso videomaker Paulo Severo, namorado do jornalista Artur Xexéo. Na produção do show a assessora de encrenca Gilda Matoso.






MOVIMENTO DOS BARCOS

Estou cansado
E você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz
Que lhe roubei
E o futuro esperado que não dei
É impossível levar
Um barco sem temporais
E suportar a vida
Como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
As coisas passando
Eu quero
É passar com elas
Eu quero
E não deixar nada mais
Do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço
No seu corpo
Não
Não sou eu quem vai ficar no porto chorando
Não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos.






MARINA MAGESSI SUPERSTAR – Esta semana a Polícia Civil desarticulou e prendeu uma quadrilha que estava vendendo drogas sintéticas como Ecstase e LSD. A prisão fez a festa da imprensa, já que o assunto rendeu reportagens sensacionalistas no Jornal Nacional, O Globo, Extra, JB, O Dia, sem falar nas edições televisivas do noticiário local. O que chamou atenção no caso é que toda a operação policial foi montada como um show para a imprensa. De uma forma bem clara se pôde perceber que a polícia levou repórteres, fotógrafos e cinegrafistas para cobrir a prisão dos traficantes, numa espécie de Big Brother policial. Numa das cenas mais constrangedoras o Jornal Nacional exibiu uma cena da polícia invadindo a casa de um traficante e mostrou cenas do sujeito seminu, em cima da cama, já que estava dormindo quando a policia chegou.

Pois eu subo nas tamancas, boto a mão nas cadeiras e pergunto: o que isso tem a ver com Segurança Pública? As pessoas estão sendo assaltadas em todos os lugares. Menores de idade fuzilam pessoas de bem a torto e a direito. Bando de turistas são assaltados, humilhados e baleados nos cartões postais da cidade. A violência contra o cidadão comum pipoca por todos os cantos da cidade. E a polícia só está interessada no tráfico de drogas. O que isso tem a ver com Segurança Pública?

Comandando toda a operação, a Inspetora e Deputada Federal Marina Magessi. A impressão que me deu assistindo ao circo de horrores que foi a prisão dos comerciantes de drogas ilegais, é que todo aquele show foi montado para dar publicidade a Marina Magessi, atual melhor amiga da primeira dama da cultura brasileira Flora Gil. Em todas as reportagens Marina Magessi apareceu dando entrevistas e acusando aqueles jovens de serem uma ameaça a sociedade e toda aquela baboseira preconceituosa e moralista que não tem nada a ver com segurança pública. Aquelas pessoas presas serviram apenas de palanque para que a instant celebrity Marina Magessi pudesse se promover ainda mais. Afinal, foi dessa forma que ela foi eleita Deputada.

O fato é que o comercio de drogas ilícitas se transformou num grande negócio para a polícia, por isso que o combate ao tráfico é uma prioridade para a corporação. A polícia não está interessada em dar segurança a população. Um programa eficiente de Segurança Pública deveria se voltar apenas para dois pontos fundamentais: garantir a integridade física dos cidadãos e garantir a integridade dos bens materiais de cada um. Segurança pública é basicamente isso. Mas as polícias do Brasil só falam em combater o tráfico de drogas. E sabem porque? É por que é ali que está o dinheiro. Elementar, minha cara Magessi.

As drogas são um grande negócio para a polícia. E não me refiro apenas aos recorrentes casos de corrupção policial. É através do discurso de combate ao tráfico que a polícia consegue tirar dinheiro dos governos. O governo americano, por exemplo, dá milhões de dólares a Policia Federal do Brasil para ajudar no combate aos traficantes. Certa vez, numa entrevista ao Programa do Jô, um agente da Interpol afirmou que oitenta por cento dos seus agentes trabalham no combate ao tráfico. Isso significa que a existência do tráfico de drogas é fundamental para a existência da Interpol. E eu me pergunto: esses agentes combatem o tráfico porque eles acreditam que isso é o melhor para a sociedade, ou eles combatem o tráfico apenas por que isso é um bom negócio para seus interesses corporativos? Elementar, minha cara Magessi.

Como jornalista o que me chocou nas reportagens publicadas sobre o comércio de drogas é a visão estreita do noticiário. O consumo de drogas é, antes de tudo, um fenômeno cultural da época em que vivemos. A imprensa precisa acordar e tomar consciência de que nós já estamos no século 21. Os jornalistas precisam alargar seus horizontes e mostrar uma visão mais clara da realidade. Aqueles comerciantes de drogas ilegais que foram presos estão apenas atendendo a uma demanda da sociedade. As pessoas querem consumir drogas e pronto. Existe uma grande parcela da população que consome esse produto. Seja maconha, cocaína, ecstase ou lsd. O povo quer se drogar. Isso faz parte da realidade do mundo em que vivemos. Essa intolerância das autoridades e a repressão ostensiva só fazem criar uma tensão na sociedade que estimula a violência que atinge a todos nós.

Fenômeno cultural não é algo que se consiga sufocar com repressão. Quanto maior for a repressão, maior será a força do movimento cultural. O culto às drogas atingiu tal nível que hoje em dia já existe toda uma produção cultural que é feita para ser consumida sob o efeito de drogas. Filmes como Matrix, Guerra nas estrelas, Homem Aranha, Batman e muitos outros, com seus efeitos especiais digitalizados, seu ritmo frenético, suas cores, são feitos para serem assistidos sob o efeito de drogas. Tanto o techno, assim como o hip hop, com suas batidas e ritmos eletrônicos, são músicas produzidas para serem consumidas sob o efeito de drogas. Isso é um fenômeno internacional que ocorre em todas as partes do mundo. Infelizmente Marina Magessi jamais conseguirá compreender essa sofisticação de raciocínio.


29.11.06




A maneira como você encara a vida é que faz toda a diferença.

BISCOITO FINO – Hoje à tarde Leda Nagle ofereceu biscoitos finos ao público do seu programa na TVE, ao apresentar uma entrevista de duas horas com a cantora Maria Bethânia, com a participação de Renata Sorrah, Bibi Ferreira, Miúcha, Kati de Almeida Braga e Haroldo Costa. Foram as duas horas mais geniais da TV brasileira no ano de 2006. A grande dama da MPB deu um show de inteligência e bom humor para o público do Sem Censura. Seus diálogos com Bibi Ferreira sobre palco, teatro e arte foram excepcionais. Suas histórias de vida sempre narradas com sabedoria e bom humor.

Dei gargalhada quando Bethânia contou a história da menina de Santo Amaro da Purificação que sempre desmaiava na hora da missa. E Bethânia, criança, achava aquilo lindo. E sonhava um dia ser aquele personagem. Outro momento muito engraçado foi quando ela contou do choque elétrico que levou ao entrar no palco, durante um show em Cuba. Tudo por causa da sua mania de entrar descalça em cena. Com o susto que levou ela quase se joga do palco. Ao ver aquilo Gilberto Gil alertou as pessoas: Bethânia levou um choque. Mas Chico Buarque não acreditou e achou que era apenas uma entrada teatral da cantora.

Suas opiniões sobre arte, suas conversas com Miúcha, suas observações sobre o Brasil de ontem e de hoje. Tudo foi muito informativo e esclarecedor. Não é só quando canta que Bethânia tem o que dizer ao público. Quando fala a artista emite opiniões lúcidas e inteligentes. Além disso, não é sempre que ela se abre e se mostra da forma como se mostrou nesse programa. Ela é amicíssima da Leda Nagle, por isso concedeu tão especial entrevista. Aliás, só a poderosa Leda Nagle para conseguir reunir Bethânia e Renata Sorrah no mesmo programa.

Renata quase não falou. Ficou quietinha, ouvindo sua amiga falar, demonstrando muita admiração e afeto. Ela sabia que não precisava falar muito, que bastava estar ali, ao lado dela. Num dado momento ao contar sobre as coisas que gostava de fazer quando não estava cantando, seus trabalhos artesanais, sua paixão pela cozinha, Bethânia murmurou: “A filha da Renata adora minha feijoada”. Fofas!






SAMBA, SUOR E CERVEJA – A Zona Sul ferve nas noites de domingo com o pagode do Pátio Lounge, no Jóckey. Os músicos são ótimos. Um grupo de sambistas com uma boa cozinha e um cuidado especial na amplificação do som. Eu diria que os sambistas Anderson e Andrezinho conseguiram eletrificar o samba, resultando daí um batuque muito gostoso que anda fazendo a festa da multidão que têm lotado o antigo El Turfe. O espírito do samba ronda pelo Jóckey nas noites de domingo. Cabrochas belíssimas, meninas douradas pelas praias, exercitam o gingado no salão fazendo com que o molejo de seus corpos ditem o ritmo da música. Ao mesmo tempo os muchachos mais salerosos da cidade se deixam dominar pelo ritmo do samba dançando com graça e suingue. Ali acontece algo impressionante. Quando o sujeito entra na boate parece que entrou no meio de um imenso espetáculo musical. Como se todo mundo ali estivesse em plena Marquês de Sapucaí, fantasiado de cores e sensualidade, distribuindo beijos, sorrisos, calor e energia. O verão chegou...






O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM – Um sucesso a noite de autógrafos do livro A senhora das velas de Walcyr Carrasco. A livraria da Travessa ficou lotada de artistas, jornalistas, fotógrafos, curiosos, fãs e aqueles chatos do Pânico na TV sendo desagradáveis com as pessoas. Tinha um monte de gente legal: Roberto Talma, Jorge Fernando, Maitê Proença, Patrícia França, Dusek, Rubens Araújo, Déo Garcez, Carla Daniel, Mauro Mendonça, Rosamaria Murtinho...

No início desse ano eu participei de uma Oficina de Teledramaturgia com vários novelistas: Lauro César Muniz, Marcílio Moraes, Tiago Santiago, Carlos Lombardi, Glória Perez e Walcyr Carrasco. Foram ótimos os debates, as discussões, as palestras. Cada um falou de sua experiência e de suas técnicas para desenvolver novelas. Era o top da televisão brasileira trocando idéias e revisando conceitos. Enquanto estavam sendo exibidos os últimos capítulos da novela Alma Gêmea Walcyr aplicou excelentes exercícios de teledramaturgia para a equipe. Depois fez comentários pertinentes sobre a forma como cada grupo tinha desenvolvido seu projeto de novela. Ele é um sujeito inteligente e tem grande facilidade de transmitir seus conhecimentos. Ao mesmo tempo é um cara extremamente venenoso. É como se fosse uma serpente que precisa se alimentar do seu próprio veneno. Durante as palestras que dava na Oficina eu podia perceber o veneno escorrendo em golfadas pelo canto de sua boca.

O Gilberto Braga, que estava no lançamento, gosta muito dele. Certa vez o Gilberto deu um jantar no seu elegante apartamento no Arpoador e convidou alguns autores, entre eles o Walcyr. Na reunião o autor de Alma Gêmea falou o tempo inteiro e manipulou as atenções com suas opiniões definitivas sobre todos e tudo. De repente a sala de Gilberto se transformou num palco onde Walcyr dava um pocket show de erudição televisiva. Quando ele foi embora Gilberto virou-se para o seu companheiro e bradou: Edgar, você pode tirar inseticida da nossa lista de supermercado, pois a quantidade de veneno que o Walcyr Carrasco destilou aqui em casa valeu por uma dedetização. Pano rápido.


28.11.06




Ontem é passado. Amanhã é futuro. Hoje é uma dádiva, por isso chama-se presente.

26.11.06

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.




Surdo, subterrâneo rio

Surdo, subterrâneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.

Correr do tempo ou só rumor do frio
onde o amor se perde e a razão de amar
surdo, subterrâneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?




Na orla do mar

Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
- e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo -
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor,
onde o corpo é alma.


(Poemas de Eugênio de Andrade)

DELEGATA - A delegada Monique Vidal deu uma folga na caça aos bandidos do Rio para comemorar o aniversário de um ano de Gustavo, seu filho com o campeão de Vale Tudo Gustavo Ximú. Como é Maria-tatame de carteirinha, Monique quis que o tema da festa fosse Artes marciais. Sendo assim, a casa de festas Espaço Encantado, na Barra, foi decorada como um ringue de lutas, com o pessoal da recreação vestido com quimonos. Um boneco gigante caracterizado como um lutador de boxe tailandês fez a alegria da petizada que ficava dando socos no boneco, enquanto devorava todas aquelas guloseimas de festas infantis. Alguns dos nossos maiores lutadores estavam presentes: Renato Babalu, com Maria Fernanda, a filha de 2 anos, Marcio Pé de Pano, Ebenezer Braga, Paulão Filho e toda a equipe da Gracie Barra. Também foram cantar parabéns para Gustavo Vidal o sub-prefeito Mario Fillipo, o promotor Marcio Mothé, Bárbara Secco, irmã da Débora, mais uma penca de delegados e agentes da polícia civil, amigos da mãe do aniversariante...




JUNGLE FIGHT - Deu na revista Tatame: O Jungle Fight, o campeonato de lutas do Amazonas conquista a Europa. A próxima edição do torneio será na Eslovênia, dia 17 de dezembro, no Dvorana Tivoli Arena, um estádio com capacidade para seis mil pessoas. Já está confirmada a participação do lutador brasileiro Ronaldo Jacaré e o torneio será transmitido ao vivo pelo sistema pay-per-view.



NOTA SOCIAL - Daniel Senise, um dos nossos mais importantes artistas plásticos, reuniu amigos em seu cinematográfico apartamento no Arpoador, para comemorar aniversário. O bom gosto da decoração fez com que todos se sentissem dentro de uma obra de arte. O jantar divino, precedido por uma dezena de entradas saborosas, foi produção da Osteria dell'Angolo. Daniel recebeu ao lado da namorada Bianca Byington, que estava tão bonita que parecia uma figura da Renascença. Estavam lá desde a colecionadora de arte Kati de Almeida Braga, até donas de galerias como Silvia Cintra e Mercedes Viegas, passando pelo cineasta Murilo Sales, o psicanalista Paulo Próspero, o pintor Marcos Chaves e todo o elenco do Casseta e Planeta.



PÉ NA JACA - Champanhe, champanhe, champanhe... Foi assim, erguendo uma flute, que o dramaturgo e diretor de teatro mineiro Sebastião Maciel comemorou sua mudança para o Rio de Janeiro. Tião, uma grande figura, está trabalhando na novela Pé na Jaca, como colaborador do autor Carlos Lombardi. Ao lado da namorada Roberta, no restaurante Mio, na Farme de Amoedo, ele fez um brinde e repetiu o bordão deste blog: Champanhe, champanhe, champanhe...

Aproveitando um lindo dia de sol Tião resolveu ir à praia. Coisa que não fazia há dez anos. Imaginem só: dez anos sem ir à praia. Quase que ele frita...



O NEGÓCIO DA POBREZA - Na tarde de quarta-feira, horas antes de um assaltante atirar em Ana Giannini, um salva-vidas do Posto Nove me dizia que queria ir embora do Rio. Mudar de cidade. A cidade está muito violenta e suja, me dizia Rafael, com tristeza na voz, olhando as ondas quebrando no mar. A tarde estava linda. E nada na paisagem denunciava a guerra civil que acontece no Rio. Naquele dia um grupo de assaltantes já tinha invadido um prédio na Viera Souto. E, na noite anterior, um tiroteio com direito a artilharia pesada e explosões de granadas havia tirado o sono dos moradores de Ipanema.

Tudo isso que está acontecendo é conseqüência da democracia que se instalou no Brasil com o fim da ditadura militar. Alguns países, como a Espanha, por exemplo, souberam sair da ditadura para a democracia sem maiores traumas. O Brasil não. O Brasil saiu da ditadura militar e caiu na ditadura dos partidos políticos. E é essa ditadura dos partidos que fomenta a guerra civil que assola o Rio de Janeiro.

Todos os partidos políticos que surgiram no Brasil com o advento da democracia, alguns deles fundados por líderes de esquerda, elegeram a pobreza como matéria prima de trabalho. Todos têm como desculpa para sua existência trabalhar para melhorar a vida dos pobres no Brasil. Então, como são muitos partidos, muitas ONGs, é preciso que haja muitos pobres. Então todos investem na pobreza. É preciso que haja uma quantidade cada vez maior de pobres para que os partidos e as ONGs possam manipular o dinheiro público com a desculpa de que estão fazendo algo pelos pobres do Brasil.

O fato é que o Brasil transformou a pobreza num grande negócio. Um negócio rentável e perverso. Muito mais perverso do que o comércio de drogas ilegais, popularmente conhecido como tráfico. Estamos num beco sem saída. Qual o interesse que o Presidente Lula tem em acabar com a pobreza do Brasil se ele foi eleito graças aos pobres? Para Lula quanto mais pobres melhor. Ele quer que o Brasil inteiro seja uma enorme favela. Esse mesmo raciocínio vale para a grande maioria dos políticos brasileiros. E também para as ONGs que usam a desculpa da pobreza para tungar o dinheiro público. E essa falsa opção dos políticos pela pobreza criou uma guerra civil disfarçada dentro da sociedade brasileira.

19.11.06




Nunca a alma humana surge tão forte e nobre como quando renuncia à vingança e ousa perdoar uma ofensa.

O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM – O que mais impressiona no novo livro de contos do Rubem Fonseca é o frescor do texto. O escritor esbanja juventude com o seu perfeito domínio do uso das palavras. O modo como narra suas histórias, todas batizadas com nomes de mulheres, transformam seu livro numa comovente apologia ao desejo heterossexual. É que, para homenagear as mulheres, Rubem Fonseca produziu um texto que transborda virilidade. Inteligente, profundo, denso, lírico. Ela & outras mulheres é um livro para se ler de joelhos, agradecendo a Deus por premiar a língua portuguesa com um escritor tão magnífico.

Alice é o nome de mulher que batiza o primeiro conto. É a história de um menino de quatorze anos, gago e que é um péssimo aluno de português. Os pais estão preocupados com as dificuldades do filho quando uma professora da escola se propõe a dar aulas particulares para o adolescente. Em pouco tempo o rapaz pára de gaguejar e começa a ler Machado de Assis com entusiasmo. Os pais ficam impressionados com o milagre promovido pelas aulas particulares de dona Alice. Um belo dia o pai do menino é procurado por um delegado da infância e da adolescência que acusa a professora de estar abusando sexualmente do garoto. Longe de ficar indignado, o pai dá um jeito de se livrar do delegado e ainda permite que o garoto continue com suas aulas particulares como se nada tivesse acontecido. São contundentes, tanto a narrativa, quanto a ideologia da história.

Com clima de film-noir um outro conto relata o encontro casual de Diana, uma granfina ninfomaníaca, com um homem misterioso. Desse pequeno encontro Fonseca constrói uma das narrativas mais eróticas da literatura brasileira. Aliás, o livro pulsa erotismo. Transborda sensualidade. Mesmo quando descreve uma cena de suspense, existe toda uma sensualidade na situação, no cenário ou na emoção dos personagens. O bacana no livro é que o leitor tem a nítida sensação de que Rubem escreveu aquelas histórias de pau duro. E não é pau duro apenas pelas mulheres, as grandes homenageadas. É pau duro pela literatura. Pelo prazer da narrativa. Pelo gozo de saber contar uma história. Eu não estaria exagerando se dissesse que se alguém torcer o livro, vai escorrer porra de suas páginas. Mas é uma porra abençoada. Ejaculada apenas para lisonjear os leitores.



O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - Chovia na cidade, mas foi em clima de festa a noite de autógrafos de Patrycia Travassos que lançou seu livro Monstra, na Argumento do Leblon. Uma penca de fãs e amigos enfrentaram a chuva e foram prestigiar a atriz e escritora. Leilane Neubarth foi a primeira a chegar. Ela estava gostosíssima com uma calça comprida justa e uma sensual blusa de malha. A roupa branca valorizava o tom bronzeado de sua pele e, ao mesmo tempo, realçava a beleza dos seus olhos. “Adoro a Patrycia. Sou fã de tudo o que ela faz”, disse Leilane para os repórteres. Na fila de autógrafos Cao Albuquerque, Luiz Carlos Góes, Sonia Thomé, José Lavigne, Falcão, João Barone, Kátia B...

Regina Casé tentava ser elegante usando um conjuntinho listrado, blusa e calça comprida Prada e uma gigantesca bolsa Louis Vuitton de flanela. “Ela é rica”, comentou o jornalista Júnior de Paula enquanto os fotógrafos disparavam seus flashes em direção à artista. Já Perfeito Fortuna ficou irritado porque ninguém quis fotografá-lo: Noite de autógrafos e´um saco. Tem que comprar livro, ficar em fila... Kátia Bronstein, a cantora Kátia B, estava linda, ao lado do marido João Barone: Acho a Patrycia Travassos uma das mulheres mais inteligente do Brasil.

Quando Jorge Fernando chegou foi logo gritando para os fotógrafos: Cheguei! Todos os cliques se voltaram para ele que fez poses engraçadas provocando risos. Eu amo a Patrycia, ela é uma excelente colega de trabalho. Foi só por causa dela que me dei ao trabalho de vestir uma calça comprida, disse o diretor, que só anda de bermuda. Depois chegou o Falcão, o vocalista do Rappa. Carolina Dieckman entrou na livraria, com uma capa de chuva Dolce & Gabbana e os cabelos loiros num rabo de cavalo. Ao vê-la Luiz Carlos Góes exclamou: Ai que medo! Eu sempre acho que essas atrizes que interpretam vilãs nas telenovelas incorporam as personagens. Mas, para desapontamento de Góes, ela não incorporou nem um pouco a Leona. Carolina estava só doçura. Falou com todo mundo. Atendeu com carinho os fãs que pediram fotos e autógrafos. Foi gentil com o garçom que lhe ofereceu uma coca. E deu muitos beijos na Patrycia...


3.11.06




Os milagres não acontecem em contradição com a natureza, mas só em contradição com o que sabemos da natureza.

NOITE CARIOCA – Foi um barato a festa de lançamento do livro Ao som do mar e a luz do céu profundo, de Nelson Motta. O bar do Hotel Sofitel, no posto seis, debruçado sobre a praia de Copacabana foi o cenário perfeito para a noite de autógrafos, já que a história do livro fala de uma Copacabana idílica e romântica. E a imagem que se via da ampla varanda do bar era uma cena de cinema: a Avenida Atlântica iluminada, a extensa faixa de areia, e o mar refletindo a luz da lua. Foi na varanda do bar que Katy Pinto, fumando um charuto cubano, elogiou o show de Caetano Veloso no Tim Festival. Ela disse que o som do irmão de Betânia está cada vez mais moderno e jovial. Parece que a separação da Paula fez um bem enorme ao rapaz...

Aliás, o Tim Festival foi o principal assunto das rodas de conversa. Graça Motta, a irresistível Baby Grace, disse que adorou o clima Woodstock do concerto da Patti Smith. Assisti ao show bem na frente, aos pés dela. Já o querido Marcos Ramos, o fotógrafo da coluna Gente Boa, contava que tinha trabalhando muito no Tim, fazendo fotos para a coluna, e que os shows acabavam muito tarde e ele sempre chegava em casa pela manhã.

Muita gente bacana foi pedir autógrafo ao Nelson Motta. Tinha desde o príncipe do cinema brasileiro Walter Salles, até o cineasta que desistiu de fazer filmes Arnaldo Jabor, passando por Marina Lima, Antônio Carlos Miguel, Euclydes Marinho, Mariana Ochs, Bi Ribeiro e Herbert Viana. E o estilista Napoleão Fonyat que contava animado sobre os novos rumos da Sandpiper, grife que abre sete novas lojas nos próximos meses.

Joana Motta, a filha mais velha do Nelsinho, mostrava aos amigos a barriga de quatro meses do seu terceiro filho, enquanto os dois primeiros ficavam zoando ao lado do avô enquanto este autografava os livros. Dr. Nelson Motta, o patriarca da família, a quem o livro é dedicado, também estava lá com dona Cecília. Nina Morena, Maria Cecília, Pedro Motta com a queridíssima Patrícia Andrade e Bobby.

Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo marca o primeiro lançamento de um autor brasileiro pelo selo Suma de Letras, da editora Objetiva, dedicado à ficção de entretenimento. No efervescente Rio de Janeiro de 1960, a chegada de uma garota americana louca por futebol, carnaval e lança-perfume muda a vida do pacato Bairro Peixoto, pequena cidade encravada em Copacabana. O autor, que morou no bairro no início da década de 50, afirma que as recordações serviram de base para recriar o cenário onde vivem os personagens do romance. É para esse recanto de Copacabana que se muda a família do coronel Kleber Ferreira, para realizar o sonho da mulher, Dona Eva. Muito bonita mesmo na casa dos 40 anos, ela abre uma loja de doces na Galeria Menescal, ponto de encontro e passagem entre as duas principais avenidas do bairro, e se apaixona por um delegado bonitão e cafajeste.







A ARTE DA GUERRA - O mais antigo, e também mais respeitado tratado sobre a guerra já escrito, chega ao Brasil na versão mais fiel já publicada. A editora Conrad está lançando a edição bilíngüe de A Arte da Guerra, traduzida do original chinês. Sunzi Bingfa, ou Método Militar de Sunzi, foi escrito no século VI a.C. pelo general Sun Zi, conhecido no ocidente como Sun Tzu, que comandou as tropas do príncipe He Lü no Estado Wu. Com o tempo, seus treze preceitos básicos foram espalhados pelo oriente, e se tornaram o manual de guerra padrão de qualquer general chinês que quisesse ser bem sucedido.


O ocidente começou a conhecer esse tratado milenar em 1772, quando o missionário jesuíta Jean Joseph-Marie Amit publicou em Paris L’Art Militaire dês Chinois. Ao longo do século XX, surgiram diversas versões para A Arte da Guerra, todas extensivamente comentadas e interpretadas. No Brasil, a maioria das versões da obra vieram de textos em inglês.


A Arte da Guerra teve ampla visibilidade no ocidente a partir dos anos 80, quando executivos de grandes empresas começaram a utilizar a obra como um manual para vencer suas batalhas nos negócios. No filme Wall Street, de Oliver Stone, o livro é amplamente citado por Gordon Gekko, o ambicioso investidor da Bolsa de Valores interpretado por Michael Douglas.


Escrito a mais de dois milênios, A Arte da Guerra continua assustadoramente atual. Contendo preceitos como o de que a guerra é a doutrina do engodo e que nela exalta-se a rapidez, não se exalta a demora, o livro de Sun Zi é essencial àqueles que preparam-se para qualquer tipo de desafio, do esporte ao mundo executivo. Além do caráter estratégico, esta tradução direta do mandarim evidencia a prosa límpida, suave e direta de Sun Zi, o que transforma o livro em um clássico da literatura universal. Num mundo onde o mandarim é a língua requerida para o sucesso, A Arte da Guerra em edição bilíngüe é uma porta de entrada para a compreensão do estilo e da lógica intrincada do chinês.

31.10.06




Alguém já disse que a vida é uma festa. Uma festa em que a gente chega depois que começou e sai antes que acabe.

DOMINGO - 29 DE OUTUBRO DE 2006 - Foi um domingo de sol. E isso foi a melhor coisa desse dia que o destino quis que se tornasse histórico. Acordei tarde, com ressaca da noitada anterior na Freek. Nunca tinha ido nessa boate, nem sabia da sua existência, mas gostei muito. Tem um clima das boates da minha época de adolescente. Além disso, eu estava com um animado grupo de amigos e nos divertimos a valer. O DJ nos fez dançar muito com músicas como Promíscuous, da Nelly Furtado, Baby, I´m back, do Baby Bash e Hips d´ont lie o irresistível mega hit da Shakira. Aliás, o refrão de Baby I´m back ainda ecoava na minha cabeça quando eu me dirigi ao Colégio Marilia de Dirceu para votar em Denise Frossard e Geraldo Alckmin.

Logo na entrada da escola encontrei Carmo Dalla Vechia e Edson Fieschi que já tinham votado. O Edson me perguntou em quem eu ia votar e quando eu revelei meus candidatos ele sorriu e disse que também tinha votado neles. O Carmo, que é um rapaz muito educado, foi muito simpático e gentil, mas não revelou seu voto. Gosto muito dos dois. Eu os conheço desde a época em que eles moravam juntos. O Edson é uma grande figura. Um ator disciplinado e apaixonado por teatro. Somos amigos desde a época em que ele era casado com o Leonardo Vieira.

Depois de votar fui à praia, curtir o domingão. No fim de tarde teve torneio de futebol de praia. Um clássico da areia: Copacabana versus Ouro Preto. Foi uma partida bem disputada, com bons momentos de futebol bem jogado. Quando o jogo acabou já era noite e eu recebi um telefonema. Era Xande, um amigo muito querido: “A galera tá fazendo um churrasco aqui em Ipanema. Todo mundo bebendo, curtindo e fazendo a maior zoeira. Vem pra cá agora. Esquina da Barão da Torre com Maria Quitéria”.

Quando cheguei a moçada já tinha bebido muito. Todo mundo largado, fazendo a maior farra. Cerveja pra cá, cerveja pra lá. Num dado momento Xande virou pra mim e falou: "Agora a gente vai para o clubinho, e você vai junto. É nosso convidado”. Logo estávamos no carro em direção ao clubinho.

O clubinho é como os rapazes de Ipanema chamam a Termas Monte Carlo, uma sauna com garotas de programa, que fica em Copacabana. O lugar é uma espécie de Disneylândia para bofes, com suas garotas seminuas prontas para lhes proporcionar qualquer tipo de prazer, desde que lhes pague cento e cinqüenta reais. Os meninos cariocas deste alvorecer de 2007 já definiram o seu programinha favorito no verão: tomar um Viagra e depois se atirar aos prazeres do sexo com as beldades do “clubinho”.

Cerveja, cerveja, cerveja...

E foi assim que, de repente, eu me vi no meio de uma boate, vestido só de roupão, cercado de mulheres belíssimas, desnudas em seus biquínis mínimos e cativantes em seus olhares sedutores. O ambiente é muito elegante e bem cuidado. No primeiro andar tem duas saunas muito bem cuidadas. No segundo andar fica a boate. No terceiro andar ficam as cabines e suítes para os pombinhos que quiserem arrulhar com mais intimidade. Chegando na Monte Carlo encontrei uma galera. Os homens vestidos apenas de roupão, abraçados com as mulheres. Elas, os mais diversos tipos, despidas em minúsculos biquínis. Uma farra federal.

No meio dessa galera encontrei Rod, um velho amigo, que explodiu numa gargalhada quando me viu. Você é a última pessoa que eu esperava encontrar aqui. Eu contei que tinha sido chamado para um churrasco num botequim e acabei indo parar no clubinho. Rod disse que tinha ido até lá só para beber com amigos. Com essa cara e com esse corpo eu não preciso pagar para transar com mulher, você não acha?, disse ele abrindo o roupão e se exibindo gracioso no meio do salão. Então eu lembrei dele, no verão de 98, correndo na areia de Ipanema. Rod sempre corria na praia e quando passava na Vinicius de Moraes minhas amigas Andréa, Juliana e Adriana se cutucavam assanhadas. Lá vem ele! E Rod passava todo elegante e garboso, parecendo um cavalo de raça, sob o sol daquele inesquecível verão.

Num minúsculo palco uma garota dançava sensualmente olhando para o seu corpo refletido na parede espelhada. Quando o DJ começou a tocar Promiscuous, o super balanço de Nelly Furtado, todo mundo correu para a pista de dança. Parecia ensaiado. Essa música realmente está dominando as pistas de dança, ao lado de Baby I´m back e Hips d´ont lie. Quando toca a pista vibra. Pablo, Xande e Guilherme, doidões, fazia-nos rir com suas coreografias engraçadas. E todos cantarolavam animados o refrão da música.

Promiscuous girl
Wherever you are
I’m all alone
And it's you that I want

Promiscuous boy
You already know
That I’m all yours
What you waiting for?

Promiscuous girl
You're teasing me
You know what I want
And I got what you need

Promiscuous boy
Let's get to the point
Cause we're on a roll
Are you ready?


Guilherme se atracou com uma das meninas, beijando-a sem parar. Depois ele nos contou que ficou tentando convencê-la a transar sem camisinha, mas ela, profissinonal, disse não, não e não. Eu gosto de amor sincero, justificava o moço irresponsável com um sorriso safado. Num dado momento entrou no salão uma garota linda e todo mundo parou para vê-la. O minúsculo biquíni deixava à mostra seu corpo todo feito de coxas e lábios e seios e glúteos e mãos e ombros e colo. E os rapazes todos a cercaram e a olharam com admiração. Largaram as outras e se voltaram para ela. E havia um cavalheirismo natural na forma como eles a reverenciaram e devotaram toda a sua atenção para sua beleza. Tão doce, com seu sorriso sedutor e seus olhos amendoados que brilhavam refletindo a luz do globo espelhado. Como você é linda. Parece uma iraniana, disse Rod sincero, acariciando suavemente seu rosto de menina.

Cerveja, cerveja, cerveja...

Sem dar chances para o charme sedutor de Rod, Pablo agarrou a iraniana e não a largou mais. Beijava a moça com ar apaixonado enquanto ela o acariciava por dentro do roupão. Aretha, uma outra garota que já estava por ali se aproximou do Rod e começou a acariciá-lo sedutora, massageando o peito dele e seus braços másculos. Vamos fazer um amorzinho. Eu te cobro só cento e vinte. Rod deu um sorriso bem sacana e retrucou: Pois eu cobro trezentos pra transar contigo. Ela sorriu e continuou esfregando seu corpo contra o dele, que lhe ofereceu uma cerveja, mas ela preferiu beber Xoxota Frozen, a bebida típica do lugar, uma mistura de maracujá, leite condensado e vodka batidos com pedras de gêlo.

Quando enjoamos da farra no clubinho fomos beber um último drinque no Sindicato do Chope. Já era bem mais de meia noite quando chegamos na Farme de Amoedo. Entramos no bar e a televisão estava ligada na Globo News, sem som, apenas as imagens da eleição. Foi então que Pablo fez a pergunta crucial para o garçom. Quem ganhou a eleição? E o homem nos deu a resposta que, no íntimo, nos já sabíamos. O rosto de Pablo se transformou numa máscara de decepção. Ele se virou para a TV que naquele momento mostrava imagens do presidente e começou a gritar a plenos pulmões, para que toda a Farme escutasse sua indignação e revolta: Vai tomar no cu, Lula. Vai se foder. Vai ser foda te aturar mais quatro anos fazendo merda. Dentro do bar havia uma mesa com um grupo de gays de meia idade e as bichas começaram a aplaudir. Assim como outras pessoas que estavam lá dentro.

Depois, mais calmo, ele ficou remoendo sua indignação enquanto bebíamos chopes e comíamos gulosos uma pizza calabresa. Ele parecia tão desolado, tão decepcionado com o resultado da eleição. Mas, aos poucos, foi recuperando o humor e a alegria de viver. E foi nessa mudança de estado de espírito que Pablo disse uma frase que, naquele momento, e só naquele momento, traduzia tudo o que estávamos sentindo a respeito do nosso mundo, da nossa vivencia. Com um sorriso maroto no rosto ele disse: O bom do Brasil é que aqui tem muita puta pra gente foder.

Cerveja, cerveja, cerveja...


28.10.06




Escritores são pessoas interessantes, mas, com freqüência, más e mesquinhas.

VIDA MODERNA - A cidade de Búzios vai se cobrir com as cores do arco-íris. No período compreendido entre os dias 9 e 12 de novembro vai rolar o Búzios Pride Fest, um fim de semana inteiro dedicado ao público GLS. Vai ter lançamento de livros, exposições de arte, palestras, debates, shows e festas. Várias festas. Este vai ser o segundo evento com esse perfil promovido no balneário mais chique do Rio. Na primeira edição, em 2003, eu fui a Búzios fazer a cobertura jornalística. Foi um fim de semana muito divertido. A rua das Pedras estava toda colorida com as bandeiras do arco-íris, símbolo internacional do movimento gay. Num bar teve um show da Rogéria. No outro um pocket show do Luis Salém. Drag queens super montadas circulavam dando pinta pela cidade, posando para fotos com os turistas caretas, principalmente a garotada que ficava fotografando as bichas com seus celulares moderninhos. Uma coisa.

Houve uma festa bem divertida na praia de Geribá. Num dia de sol quente, todo mundo bebendo, dançando, se drogando e se pegando na areia. Lembro que nessa festa encontrei vários amigos e nos divertimos muito. À noite rolou uma rave que foi inesquecível. Tinha uns caras bonitões se sacudindo na pista, movidos a ecstase e água mineral. Todos sem camisa, sacolejando os tórax malhados como se fossem seios. Exibindo os bíceps durões e os barrigas de tanque, invariavelmente vestidos apenas de jeans com a cintura baixa, deixando à mostra a marca do bronzeado e o caminho para a virilha. Uma coisa os meninos. O som era incrível. Paquerei muito, mas não comi ninguém. Havia muita oferta, muita procura, todo mundo se pegando, mas no final ninguém traçou ninguém. C´est la vie... Lembro que quando saí da festa o dia estava amanhecendo e eu estava morto de cansado...

Durante o evento, que foi chamado Finde Gay de Búzios, houve um debate promovido pelo Grupo Arco-Íris, uma ONG que se propõe a defender os interesses dos homossexuais. No debate aconteceu uma palestra do Cláudio Nascimento, presidente do grupo, que explicou o trabalho da ONG e o seu funcionamento. Na platéia, uma mistura de curiosos e gays célebres como Jackson Araújo, Nelson Feitosa, André Fischer, José Viterbo, André Piva e o costureiro Carlos Tufvesson. Num certo momento do debate, Tufvesson, com aquele seu jeito de menina mimada, ostentando um ar entediado e blasé, começou a fazer críticas ao Grupo Arco-Íris. Cobrou mais produção, mais visibilidade e mais ação. O Cláudio Nascimento não gostou das cobranças. Olhou para seu interlocutor com ar de desafio e sibilou: Nós trabalhamos com muita dificuldade financeira. Por que a senhora, que é uma bicha rica, não faz uma doação substancial ao Arco-Íris? Pano rápido. Nem tudo são flores no reino do arco-íris.






- Winston, se você fosse meu marido, eu poria veneno no seu café!
Churchill não pestanejou:
- Senhora, se eu fosse seu marido, tomaria o café!!!

(Diálogo entre o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e Nancy Astor, primeira mulher eleita a fazer parte da Câmara dos Comuns.)












Mocidade

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;

Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!

No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!

Ama-me doida, estonteadoramente,
Ó meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...




O meu desejo

Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!


Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!


Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou a grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...


Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, amor, devagarinho,
Até a Morte me levar consigo.. .





Aos olhos dele

Aos olhos dele
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram

As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa

É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...

E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!


(Como são lindos os poemas de Florbela Espanca)


Madonna vem aí...

 

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